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quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Um atraso de R$ 4,9 bi: consumidor paga por energia de linha que não é usada

Ligação entre usinas do Rio Madeira até o interior de SP está pronta, mas só deve funcionar depois de abril

Demora. Funcionário faz manutenção da rede de alta tensão em Araraquara, em São Paulo. Se o linhão do Madeira estivesse em operação, traria 6,3 mil MW ao Sudeste Foto: MARIO ÂNGELO / Mario Angelo/AE
BRASÍLIA - No papel, a obra conta com o selo de “concluída” desde 29 de outubro, de acordo com o último balanço do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Ao longo de 4,75 mil quilômetros, toda a estrutura já foi montada para o segundo circuito de transmissão levar energia elétrica das usinas do Rio Madeira até a cidade de Araraquara, interior de São Paulo e, daí, para todo o subsistema Sudeste/Centro-Oeste. Os empreendedores já recebem pelos serviços prestados, uma vez que a obra está pronta. Na prática, porém, o segundo linhão do Madeira ainda não fez acender uma lâmpada sequer no Sudeste. E nem o fará pelo menos até abril.
Essa obra, que trará energia das usinas de Jirau e Santo Antônio, em Rondônia, para a região Sudeste, é uma entre as tantas atrasadas que oneram as contas e levam a restrições na oferta de energia para os principais centros de consumo do país. É exatamente pela dificuldade do sistema em mover grandes blocos de energia de uma região para outra que o Brasil neste verão está convivendo com a sombra de apagões, como o ocorrido em 11 estados e no Distrito Federal no último dia 19 de janeiro.
Mesmo com o sistema pronto desde outubro, os atrasos na construção das usinas hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio reduziram a demanda pela nova linha de transmissão, que tem orçamento total de R$ 4,9 bilhões. Embora não tenham entrado em operação comercial, as empresas responsáveis pelo linhão e pela conversora de energia vêm recebendo receita equivalente a mais de R$ 400 milhões ao ano desde que suas instalações ficaram prontas, o que acaba pressionando para cima as tarifas de energia de todo o país, já que esses custos são repassados ao consumidor.
Como não havia demanda pelo segundo circuito, devido ao atraso na construção das usinas, que ainda operam parcialmente, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) preferiu não testar o sistema durante o verão, para evitar riscos de derrubar o primeiro circuito e provocar novos blecautes no Sudeste. Os testes preliminares, que implicam desligamento de proteções, foram adiados para depois do carnaval, para evitar notícias ruins durante a festa popular. O ONS é a instituição responsável por administrar o sistema interligado, incluindo a autorização de testes e análises de demanda e riscos.


Nas últimas semanas, reuniões foram promovidas na sede do ONS, no Rio, para a articulação desses testes, que devem começar no dia 23. O governo quer reduzir o prazo de dois meses para conclusão dos testes para algo como um mês e meio, tendo em vista a aceleração do ritmo de construção das usinas do Madeira e a demanda recente do mercado. Questionado sobre o assunto inicialmente em 5 de fevereiro, por meio da assessoria de imprensa, o ONS limitou-se a informar que está analisando a questão.
— Os testes do segundo bipolo (linhão) têm de ser efetuados logo, porque senão teremos mais energia do Madeira, mas com restrições de transmissão para atender ao Sudeste — disse uma fonte a par do assunto.
A demora da entrada em operação do linhão do Madeira — terceira e fundamental conexão por linhas de transmissão entre a região Norte e a Sudeste/Centro-Oeste — é o resultado de uma sequência de problemas de planejamento do setor elétrico que envolve até o furto de cabos para se fazer panelas de pressão nos últimos meses, o que se tornou mais fácil uma vez que não há energia passando pelas vias aéreas e, portanto, reduz-se o risco de choques.
Se estivesse em operação, trazendo 6,3 mil MW de energia do Madeira ao Sudeste, e não apenas cerca de 3 mil MW, o linhão do Madeira poderia economizar água nos reservatórios ou reduzir a demanda por termelétricas, o que aumentaria a segurança energética e diminuiria os custos de operação do sistema.

Segundo estudo da Firjan, os atrasos em obras de usinas para geração de energia elétrica no Brasil entre 2006 e 2014 custaram R$ 65,1 bilhões ao país. Esses atrasos, porém, não se restringem às usinas. No caso da hidrelétrica de Teles Pires, no rio de mesmo nome, entre Pará e Mato Grosso, a falha se deu na entrada em operação das linhas de transmissão. Neste caso, apesar de a geração já ser possível, demorou a conexão com o sistema interligado. Situação similar ocorreu com parques eólicos no Nordeste, que entraram em operação sem se conectar ao resto do país.
O Ministério de Minas e Energia e Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) vêm avaliando novas metodologias para os leilões de geração e transmissão para evitar descompassos no avanço do sistema elétrico brasileiro, de modo a evitar problemas desse tipo, que oneram a conta dos consumidores, sem devolver-lhes o benefício de contar com uma maior capacidade instalada.

o globo

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